Sou natural de Januária, norte de Minas Gerais, tenho 34 anos e meus pais são Sandra e Silvio, e meus irmãos Rodrigo e Felipe. Desde pequeno, os meus pais me motivaram a participar da catequese na Comunidade Santo Antônio, que era perto de casa, em vista da preparação para os Sacramentos e creio que desde cedo eu gostava de estar ali, de participar da Celebração da Palavra, de ouvir as reflexões que eram feitas. A escassez de sacerdotes no norte de Minas era muito grande, então nem sempre tínhamos Missa, mas nunca deixavam de ter as celebrações, as orações dos terços, as novenas, as festas dos santos.
Na minha adolescência e juventude, recebi o sacramento da Crisma, me engajei no grupo de adolescentes da Catedral Nossa Senhora das Dores, depois fiz parte de grupo de Adoração ao Santíssimo, que se reunia aos sábados para estar diante do Senhor e depois rezar o terço nas casas das famílias. A proximidade com os irmãos deste grupo foi gerando um ser família, com eles aprendi a rezar, a crescer no desejo de descobrir a minha vocação, com eles comecei a desejar “tornar-me um consagrado por amor”.
Um carisma “missionário” 81k5
Voltei para o seminário, após o retiro, renovado na vida de oração e vivi os anos posteriores com todo o coração e intensidade, pois me sabia escolhido por Deus. Em 2016, penúltimo ano do meu processo, em um momento de adoração, o Senhor me falou: “quero um tempo.”. Achei estranhas essas palavras, mas acolhi, pois pensei:
“Estou no meu penúltimo ano, creio que Deus me chama a, como diácono, ir em missão para alguma diocese necessitada, viver um tempo a mais de diaconato.”
E na direção espiritual levei isso ao padre, que após me ouvir me perguntou:
“Rafael, você está na final do seu processo, você tem certeza de que você é chamado a ser padre diocesano?”.
Na hora, eu respondi rapidamente que sim, mas confesso que depois da direção, todas às vezes que essa pergunta retornava dentro de mim, eu não conseguia responder com a mesma convicção. E começamos a trabalhar toda essa escuta nos acompanhamentos.
A intervenção de Nossa Senhora das Graças 4a55a
Em meio a todo processo, recebi um convite para participar de um retiro da Comunidade Shalom no mês de julho em Fortaleza–CE. Após ver o convite, pensei: “não tenho condições de ir”. Logo quando terminei de falar isso, senti no coração Nossa Senhora me falar – eu tinha uma imagem de Nossa Senhora das Graças sobre minha mesa no quarto -: “você nem rezou e disse que não vai?”. Nesse momento, parei, olhei para Ela e disse:
“Verdade, eu nem rezei. Nossa Senhora, se for para eu ir nesse retiro, me leve, eu não tenho nem a agem, nem o valor da inscrição” e ali rezei uma Salve Rainha.
No outro dia de manhã, entrei na rede social e havia uma mensagem do Leonardo, seminarista da Canção Nova, que eu seguia nas redes sociais e era amigo de um grande amigo meu. Na mensagem, ele dizia: “Rafael, sou seminarista da Canção Nova, moro na missão de Fortaleza e gostaria de lhe chamar para um retiro do Shalom que acontecerá aqui.” Na hora, eu fiquei surpreso e disse que eu não tinha condições de ir, mas perguntei porque ele estava me convidando, ele me disse: “Ontem eu estava rezando o terço diante da imagem de Nossa Senhora das Graças e ela me mostrou o seu rosto e colocou no coração de lhe chamar.” e disse também que na missão havia pessoas que apadrinhavam seminaristas e que poderia encontrar alguém para pagar minha agem e inscrição. Bem, a partir desse momento, não tive dúvidas de que era a mão de Nossa Senhora.
Em julho, fui para esse retiro, conheci o Carisma Shalom e fiquei apaixonado, eu tinha a certeza de que eu havia encontrado o meu lugar. Pude conversar e rezar com um sacerdote da Comunidade que orientou fazer um bom processo de discernimento em diálogo com o bispo, com minhas autoridades, pois eu estava no meu penúltimo ano e, se essa fosse a mesmo a direção de Deus, que eu o procurasse depois do discernimento feito.
Novo envio 22y5z
Voltei para a diocese, partilhei com o Bispo sobre o que eu estava vivendo, o que eu discernia ser da parte de Deus. Ele me acolheu, expressou a necessidade da Diocese, a confiança que ele tinha em mim, pois havia acompanhado todo o meu percurso no seminário, mas que acolhia minha abertura a esse discernimento, pois queria que eu fizesse a vontade de Deus. Pude também partilhar com os meus pais da minha decisão, que também se colocaram ao meu lado. Voltando ao seminário, pude amadurecer esse discernimento, que foi sendo confirmado por Deus e por aqueles que me acompanhavam. Uma grande intercessora nesse processo foi Santa Teresinha, mas isso fica para outra matéria. Em novembro de 2016, pedi desligamento do seminário e enviei carta para a Comunidade.
Meu pedido foi aceito na véspera de Natal e recebi o discernimento de que eu seria enviado para Vitória–ES para, morando na casa da comunidade de vida, fazer uma experiência e, ao mesmo tempo, o vocacional Shalom. Nesta missão fui tendo maior certeza do meu chamado à Comunidade de Vida, ingressei no Postulantado e permaneci por mais um ano. Em 2019, fui para a Casa de Formação no Eusébio–CE viver o ano de maior conhecimento e aprofundamento do carisma, da vida de oração. Nesta casa, permaneci como membro da equipe de formação em 2020 e 2021 e pude nesses anos fazer minhas primeiras promessas no Carisma, meu caminho de discernimento do estado de vida e retorno ao seminário e meus votos no celibato. Em 2022, fui enviado para a Missão de Roma e lá permaneci 1 ano e meio, ofertando minha vida no serviço da vinha, na relação com os irmãos e também pude concluir a Faculdade de Teologia na Universidade Urbaniana.
Após esse tempo, retornei para o Brasil de Estágio Pastoral – uma das etapas da formação – e vim morar na Diaconia, servindo no Economato Geral. Ao final do ano ado, fui remanejado para o setor de Sacerdotes e Seminaristas, onde sirvo atualmente.
Sinais da eleição 2vm1i
Após esses anos todos de vida missionária – na Diocese e na Comunidade -, confesso que fui surpreendido por Deus, por esse amor que não se deixa vencer em generosidade. Havia imaginado de diversas formas viver esse tempo para a Ordenação, mas nenhuma delas chegou aos pés do que tem realmente sido.
Ser ordenado nesse ano Jubilar da Esperança, na Igreja do Ressuscitado que ou pela Cruz, primeira Igreja da Comunidade e que foi dedicada recentemente, no mês de Maria, no dia em que a Igreja celebrará os 100 anos da Canonização de Santa Teresinha; são muitos sinais de uma eleição que me constrange.
Aproveito para agradecer a todos os que fazem parte dessa história e a todos os benfeitores que, de maneira direta ou indireta, são instrumentos da bondade de Deus e que favorecem a formação de tantos missionários e sacerdotes para a Comunidade, para a Igreja e para o mundo. Com o ministério diaconal, desejo ser, de fato, aquele que veio para “servir e dar a vida” (cf. Mc 10,45). Shalom.
Serviço:
Ordenação Diaconal 64nn
Data: 17 de maio
Local: Igreja do Ressuscitado que ou pela Cruz
Horário: 19h